PALESTRANTE TONNY OLIVEIRA
Eu me chamo Antonio Silva de Oliveira, nasci em São Paulo em 10 de março de 1978. Aos 25 anos passei por algo que nunca esperava: Perdi minha visão, devido às condições de trabalho insalubre.
No ano de 1990 saí com minha família da cidade de São Paulo e viemos residir no norte do Paraná, na cidade de Apucarana, na época tinha 12 anos de idade. Aos 16 anos recebi a primeira proposta de emprego da minha vida em uma empresa que fabricava jóias e folheados a ouro.
Comecei trabalhando como auxiliar no estoque de mercadoria da empresa e com o passar dos anos fui promovido para o laboratório, setores de limpezas e polimentos de peças brutas, onde permaneci por 4 anos.
Nesse laboratório eu manipulava vários elementos químicos , tais como ácidos sulfúrico, clorídrico, nítrico, cianídrico, peróxido de carbono e cianeto de sódio, produtos estes que apontavam alta periculosidade, além do alto ruído das máquinas de polimento.
Tendo em vista todo este perigo eminente, a empresa recomendava o uso de alguns equipamentos de segurança, tais como luvas, máscaras, botas, óculos e aventais. Todavia não existia na empresa uma fiscalização mais rígida. Por conta desta negligência, muitas vezes eu deixava de usar os equipamentos de segurança adequados, tinha auto confiança.
Algum tempo depois, a empresa me transferiu para o setor galvânico (banho de ouro). Nesse setor também havia componentes químicos, porém de forma reduzida. Entusiasmado comecei o meu novo cargo na empresa, bastante satisfeito, pois sempre sonhei em trabalhar naquele setor.
Realizado com o novo cargo, pensava em trabalhar por muitos anos, tanto assim que prestei vestibular para Química, cheguei a ficar na lista de espera da segunda chamada da Universidade Estadual de Londrina,pois tinha como meta me tornar o químico da empresa.
Tudo parecia perfeito até que no ano 2002, quando já completava 7 anos de trabalho, inexplicavelmente comecei a sentir alguns sintomas desagradáveis, mas nada que me incomodava. Eventualmente acordava de manhã com dores de cabeça e sensações incômodas na altura do nariz. Ao longo do ano, minha visão foi se enfraquecendo, mas nada parecia ser tão grave. Estava com medo de perder o tal cargo desejado, trabalhei ainda até o restante do ano de 2002.
No final do ano, apreensivo com os problemas de saúde que vinha enfrentando, procurei um médico para descobrir o que estava acontecendo comigo. Depois de realizar vários exames recebi o diagnóstico: havia um tumor em minha cabeça.
Em janeiro de 2003, após ter ficado cinco dias internado no Hospital da Providência em Apucarana, já com a visão bem fraca, fui rapidamente encaminhado para o Hospital Evangélico de Curitiba, onde fiquei por quase dois meses.
Após ter passado por uma série de exames e tratamento intensivo, no dia 5 de março de 2003, fui submetido a uma cirurgia de alto risco. Segundo o médico Dr. Samir, o tumor não era maligno, porém, sua localização assim o tornava, sendo a chance de sobrevivência mínima. De cada 100 casos apenas um sobrevive e com seqüelas muito graves. Minha família e amigos oraram muito por mim e com a ajuda de Deus eu sobrevivi a esta cirurgia que perdurou por 12 horas.
Ao término da cirurgia fiquei caracterizado como Deficiente Visual, estava completamente cego.
Depois de alguns dias de convalescência, ainda sofrendo com o trauma de ter perdido a visão, recebi alta do hospital. Logo retornei para a cidade de Apucarana onde resido. Na verdade feliz em poder reencontrar os amigos e familiares, porém triste em não poder contemplar as pessoas e as maravilhas existentes na terra.
Inicialmente foi muito difícil pois, não estava preparado para essa nova situação. No começo sofri vários preconceitos e muitos amigos se afastaram. Passei pelo complexo de inferioridade, ficando restrito de lutar por qualquer conquista, até mesmo pela minha própria família. Com isso cheguei a pensar que viver não fazia mais o menor sentido.
Após dois anos de frustrações, numa madrugada eu comecei a orar à Deus e supliquei o seu consolo. Então, me lembrei de uma frase que dizia “faça das pedras do seu caminho a escada do seu ideal“. Naquele momento senti uma alegria muito forte invadir o meu coração e despertou em mim um sentimento de vencer. Me dei conta de que as pessoas que me amavam, mesmo sem intenção, estavam sendo pedras que me impediam de superar a dependência social.
A partir de então renasceu um novo homem disposto a lutar incessantemente pelos sonhos que uma vez haviam sido enterrados, juntamente com a minha visão. Uma nova etapa se apresentou na minha vida composta de muitos desafios, conquistas e superações. Onde havia pranto, júbilo se houve e aprendi que a verdadeira felicidade procedia de dentro para fora. Foi então que disposto, eu prossegui a jornada designada por Deus em minha vida. Continuei tocando trompete e teclado com muito mais intensidade. Hoje, são os meus ouvidos que guiam meu coração.


Após ser aposentado por invalidez aos 25 anos, compreendi a importância da segurança no trabalho e do uso dos equipamentos de proteção individual – EPIs. Se antes eu via aqueles equipamentos como pedras em minha vida hoje entendo que eu poderia estar vendo o mundo à minha volta se tivesse usado adequadamente. Esta é a mensagem que deixo em minhas palestras: agradeça a cada dia de trabalho e cuide-se para poder voltar vivo para casa com todas as partes do seu corpo. Dos cinco sentidos eu fiquei somente com quatro. Preserve os seus e seja feliz!
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